quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

RUMOS E RUMORES (f)eat Ney Matogrosso

de onde vêm
tantos rumores?
ruminando o futuro, quem quer, vai ver
mensageiro do futuro, quem é você?

rumos e rumores
destino e controle
a largada é da pole
os primeiros são primores

navegam caravelas
além da Taprobana
empreitada insana
faroleiro na favela
que hoje observa
binóculos, lanterna
quem o passou a perna
previu a nova era

de onde vêm
tantos rumores?
ruminando o futuro, quem quer, vai ver
mensageiro do futuro, quem é você?

“quem controla o passado,
controla o futuro
quem controla o presente,
controla o passado”

é questão de tempo
que aconteça a previsão
não importa quem previu
ilibado ou charlatão
o próximo capítulo
não está escrito
mas prever não é difícil
já que o homem tem seu rito

de onde vêm
tantos rumores?
ruminando o futuro, quem quer, vai ver
mensageiro do futuro, quem é você?

a história se repete
a história se rumina
e a quem compete
esse termo, quem assina?

buraco da memória
tortura 101
no meio da escória
quem é você, mais um?
salve-se do dilúvio
seja a nova safra
no pen drive o conteúdo
ao mar numa garrafa

os dados ali contidos são
a respeito de um entrave
pra doença, a prevenção
digite a key, a palavra chave

O meu parceiro de composição, Pedro Ivo Euzébio (Tup), compôs o beat desta música e me enviou, como de costume, perguntou se eu não tinha uma letra para tal base, eu achei muito massa o instrumental, mas não tinha nenhum escrito que se encaixasse prontamente nele, então pedi um mote a ele, que tema ele gostaria de ouvir naquela base, e prontamente ele me respondeu “apocalipse”. Ok! Como eu já tinha a ideia de trazer a esse novo álbum o tema da modernidade, o uso e a interpretação fútil de suas tecnologias, veio bem a calhar. É o apocalipse da era digital-virtual-tecnológica. Eu tinha uma imagem-conceito em minha cabeça para este disco, um pen drive dentro de uma garrafa (em alusão a pergaminhos/papiros que eram lançados com alguma mensagem pelos navegantes) com uma mensagem do presente/futuro – de forma tecnológica, tendo o pen drive como representação disso – para alguém ainda no passado, que até então não presenciara a colonização. Um cruzamento de dois tempos: a era pré-colonial e a era contemporânea – uma espécie de “de volta para o futuro”. Para tanto, retomei conceitos distópicos previstos pela literatura há muito, como no livro 1984, de George Orwell (que já havia sido referenciado no disco anterior), e também fatos históricos como As Grandes Navegações e toda colonização, linkando, dessa maneira, à colonização tecnológica que a humanidade vive hoje. Como a parceria com Ney Matogrosso já havia sido firmada desde o álbum anterior, quando ele gravou em seu disco, Atento aos sinais, a música Tupi fusão, e pela veia vanguardista que Ney sempre apresentou, decidi escrever uma letra para ele interpretar. Assim o fiz e, que privilégio, ele concordou em participar desta.

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