sábado, 22 de agosto de 2009

HÁ 10.000 ANOS ATRÁS


Vinte anos sem Raul, mas o que são vinte anos se comparados a dez mil do melhor rock’n’roll nacional? Não tem nada nesse mundo que ele não saiba demais. E nós, meros mortais, continuamos a absorver de sua sabedoria milenar. Música e discurso engajados de alguém que não ficava com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar. Uma metamorfose ambulante realmente, quase que num conflituoso tom barroco, ao afirmar que o diabo é o pai do rock, mas que se faz necessário ter fé em deus e na vida. O homem é o seu momento, e isso é melhor do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo e não saber nada. Ah, esse garoto... Não tem nada que ele não saiba demais. E ai de quem tentar forçá-lo a usar um sapato com um número menor que o seu. Autenticidade na Antropofagia de tornar o rock em algo intimamente nacional, nordestino, com acordes de baião na guitarra e letras de temas nacionais censurados, não é verdade Al Capone? Vinte anos. Que nostalgia. Dá licença, eu agora vou ficar com certeza maluco beleza. Ô, meu rei, toca Raul!

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

NEVER CAN SAY GOODBYE


De luto. Pela morte de um extraordinário artista. Exímio transformista, artística e pessoalmente, exímio ilusionista, a smooth criminal. Lembro-me que ao me interessar por música, quando pequeno, pelos idos de 1987, 88, a motivação para esse interesse veio do fascínio causado pelo contato com a arte de Michael Jackson. Who’s bad? É... Bad, meu primeiro disco (vinil), meu primeiro contato com a música de forma ambiciosa. Passaram-se os anos, sempre curti, coisas sinistras começaram a acontecer com o cara, fisicamente, moralmente, socialmente, judicialmente.
Tornou-se notícia negativa. Toda opinião pública voltada para a negatividade em torno de Jacko. Aquele que antes fora ovacionado, premiado e aclamado pela mesma opinião pública, tornara-se vilão. Vilão? Pelo amor de mãe, ao olhar para aquela figura percebe-se quão inofensivo era, quão frágil, um meninão. Opa, sem querer figurar qualquer fatídica piada. Só querendo lembrar a tecla mais batida: você viu a infância dele? Pois é, “Quem controla o passado tem o futuro à mão”, o passado dele o controlava. O que ele foi é reflexo do que ele era, do que ele sofreu. Problemas sócio-psiquícos. Mas de uma inerência artística genial, disciplina imposta e assimilada. Tiraram onda, comigo várias, mas nunca sucumbi. Sempre fui um fã e apreciador desse complicado e brilhante artista.
Agora que ele morreu, outra vez a opinião pública arma uma situação conveniente, e convincente. Falou-se até num, póstumo, Nobel da paz. Várias matérias, vários discos, DVD muitos. No camelódromo do centro, só deu Michael, Hau! Eu adquiri alguns, recuperei o que na verdade já tinha, e que se perdeu para o tempo, na época do VHS. Para um competente e inspirador artista, parafraseá-lo faz-se necessário, não posso dar adeus. Quando meu filho nascer, não, não é isso, ele não se chamará Michael Jackson, ouvirá falar sobre e ouvirá ele cantar. Legado.