que é abalada, é impregnada
não empregue nada
nem espere que te cures
na fuzarca de nowhere, na balada de
nenhures
quem vai
querer, quem é que quer?
balada do
nada, fuzarca de nowhere
sem
compromisso, a não ser consigo
esforço, não
meço, eu consigo
sigo o
cruzeiro, sozinho no crowd
possibilidades
de balde
e de
bandeja, ora veja
cabeças e
corpos, copos e breja
a vida é
balada, sempre de virote
em busca de
um inabalável mote
sem norte,
sem sorte, também sem noção
hoje a
bússola navega pela emoção
tantas
substâncias me dão esperança
de um novo
dia que nunca se alcança
não dorme e
quer mais e quer mais
primeiro
tiro, saída do cais
do nada, eu vou à balada
que é abalada, é impregnada
não empregue nada
nem espere que te cures
na fuzarca de nowhere, na balada de
nenhures
aspirações,
cruzando monções
da calmaria
à tormenta, Camões
não
descreveria tais situações
de derrotas
que partem de convicções
que caem por
terra, vão por água abaixo
lá vem
novamente, eu despacho
o papo
comédia no qual não me encaixo
faço o meu
roteiro, pois não sou capacho
só estou
sujeito ou submetido
a situações
que eu tenha escolhido
arrependido,
eu aguento sozinho
na cabeça a
ressaca como um porco espinho
e ela só cura
com outra por cima
parece
mentira, mas esse é o clima
a balada
abalada, toda corrompida
e essa
fuzarca é minha vida
do nada, eu vou à balada
que é abalada, é impregnada
não empregue nada
nem espere que te cures
na fuzarca de nowhere, na balada de nenhures
me prove o
contrário, suicídio lento, legistas a postos
subterfúgio,
the walking dead, já estamos mortos
no propósito
de curtir, excessos são cometidos
comedidos
não somos, enchemos a lata e somos vencidos
nos
posicionamos como vencedores, senhores do próprio destino
portando uma
granada sem pino
entoando os
hinos e fazendo da vida uma ameaça
desde as
Grandes Navegações carregamos um vício: a trapaça
Fuzarca de nowhere é um trocadilho com arca de Noé, mantendo
a vibe histórica que envolve as navegações (Rumos e rumores, PQTRLV e Homero,
que antecedem esta faixa e também tocaram nesse assunto), aqui vai mais uma
música que menciona tal situação. Só que agora com um viés um pouco
diferenciado. Vou tentar explicar. Eu costumo dizer que Fuzarca de nowhere é
uma música para quem já passou dos 30 anos de idade (eu me encontro agora com
36), pois é aquele momento em que o indivíduo se encontra a questionar se toda
fuzarca da vida (baladas, curtições, festas etc.) vale a pena – pelo menos eu
passei a ver assim depois dos meus 30 –, e ela vem logo depois de Homero, que
exalta tal tipo de conduta, a curtição sem limites. Então aqui tentei
imediatamente quebrar esse ponto de vista com a metáfora da arca de Noé; não há
uma arca nas baladas para salvar, qualquer espécie que seja, do afogamento que
o dilúvio de falsas sensações de prazer/poder de uma noitada oferecem. Essa
navegação acaba sendo feita numa barca furada. A princípio, eu pensei em
Fuzarca de nowhere como título do disco, mas acabei optando por A invenção é a
mãe das necessidades pelo fato de dialogar, de certa forma, com a mesma
temática desta faixa, porém ampliando a discussão.
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