quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

AS AVENTURAS DE PI

todo mundo quer dançar, todo mundo quer curtir
quem não quer extravasar, quem não quer se divertir?!
então larga do meu pé, deixa de ser cricri
porque hoje vão rolar as aventuras de Pi
sem zebra nem suco de laranja
entre hienas e tigres, a gente se arranja
a noite é minha, sou eu quem esbanja
atração principal, não me venha com canja
nem plágio, estágio é pra principiante
eu sou profissional, conheço fraude de longe
prefiro antes o que faz sofrer com prazer
a ter uma vida de monge
me conte sobre aquela sua postagem
de ontem, que clamava por liberdade
dono da verdade, disparou em seu blog
vem cá, você conhece Vladimir Herzog?

lute pelo seu direito de brincar
mas não brinque com o seu direito de lutar
todo mundo quer dançar, todo mundo quer curtir
porque hoje vão rolar as aventuras de Pi

não estaria a cantar se não fosse Zumbi
que decidiu lutar para me garantir
a vadiagem vai rolar num canto banto-guarani
e só para constar o Haiti é aqui
e em todo lugar, fazendo a terra tremer
vamo arrepiar, quem deve vai temer
a cobrança virá, virá que eu vi
não adianta chorar, ainda não morri
mas vou morrer de rir ao ver você se borrar
quando concluir que eu não vou colaborar
me espere aqui, vou ali, volto já
lutar pra festejar o meu direito de lutar
porque com isso eu não brinco, levo à vera
luto com afinco para poder brincar
2 e 2 podem ser 5, depende da matéria
prove sua tese e depois saia pra comemorar

lute pelo seu direito de brincar
mas não brinque com o seu direito de lutar
todo mundo quer dançar, todo mundo quer curtir
porque hoje vão rolar as aventuras de Pi

As aventuras de Pi é uma faixa que já traz em seu título uma referência cinematográfica e discute ao longo dela uma situação delicada, o plágio. A princípio, a letra fala sobre o imbróglio causado pela obra As aventuras de Pi, de Yann Martel, que teve uma belíssima adaptação para o cinema, por ser um plágio de Max e os felinos, do escritor brasileiro Moacyr Scliar. Então a primeira estrofe, basicamente, versa sobre isso, citando metaforicamente os personagens d’As aventuras de Pi (“sem zebra nem suco de laranja, entre hienas e tigres a gente se arranja”) e fazendo menção ao plágio (“eu sou profissional, conheço fraude de longe”), além de citar o Moacyr indiretamente (“prefiro antes o que faz sofrer com prazer”), pois tal nome é indígena – citado em Iracema, obra de José de Alencar – e quer dizer ‘o que vem da dor’. O refrão é bem simples, faz referência ao grupo Beastie Boys, grande influência minha nos anos de 1990, eles têm uma música que se chama (You gotta) Fight for your right (to party), que, numa tradução livre, diz que “você deve lutar por seu direito de festejar”, e assim fiz menção no refrão desta faixa: “lute pelo seu direito de brincar, mas não brinque com o seu direito de lutar”. Além do próprio instrumental, que é uma homenagem ao hip hop dos anos de 1980/90, há algumas outras referências/homenagens ao longo da letra, como Zumbi, Vladimir Herzog, Gilberto Gil e Caetano Veloso (‘Haiti’ e ‘Um índio’, essa última também cita José de Alencar, o que faz com que minha letra dialogue ainda mais com tal referência) e “2 e 2 podem ser 5” referindo-se mais uma vez neste álbum à obra 1984, de George Orwell.

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