terça-feira, 23 de março de 2021

e-versos

Quando não havia Instagram
Eu necessitava do Facebook
Quando não havia Facebook
Eu necessitava do Orkut
Quando não havia Orkut
Eu necessitava do MSN
Quando não havia MSN
Eu necessitava do mIRC
Quando não havia mIRC
Eu conversava no telefone residencial
 
E escrevia cartas
 
Isso é o que eu quis dizer em
A invenção é a mãe das necessidades
O mundo inverteu Platão

sábado, 20 de março de 2021

O DRAMA DA POESIA

 A poesia vive em drama, crises de identidade
Tanto elogia quanto difama, não sabe sua idade
Sua história se confunde com a da humanidade
Por isso ela é antítese, é discrição e vaidade

É tragédia, é comédia, é mentira, é verdade
Não é apenas texto, é corpo e oralidade
É profana e sagrada, é ciência e religião
A catarse, o disfarce, a blasfêmia na oração

Ei, arquiteto, onde mora a poesia?
Didascália de dia, de noite improvisa
A vida é o palco, não é a coxia
Essa dramaturgia não se canoniza

A grande meta fora traçada não se sabe por quem
A grande metáfora, alçada pela metalinguagem
Prosódia, musicalidade, pictórica é também
Afinal, o que é poesia? De todas as artes, o harém

SACI HALLOWEEN

Vocês que fiquem com os doces, prefiro as travessuras
Traquina, trançado de crina, planta medicina, eu sei as curas

Perdi a perna na capoeira, assim mesmo faço um furacão
Jack Lanterna pra lá, para cá Virgulino Lampião
 
Venham de nabos e abóboras, eu cozinho tudo no feijão
E quando eu virar cogumelo enveneno a eurocentralização
 
Folclore afro-ameríndio se esvaindo no ralo é ruim
Bruxas caçadas viraram depois cosplays no halloween
 
Matita perê, na mata tupi, sou o Saci Matinta-pereira
Assobio na maior altura: viva à cultura brasileira