quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

PESPALMA (f)eat Zeca Baleiro

pra tá ligeiro é necessário talento

bola lá pro mato que é fim é de campeonato
futebol é vida, a torcida veio aqui pra ver o gol
você é Sport, eu sou MAC
você é craque, eu também sou

tudo isso é verdade, nada disso é puia
se a jogada for suja, eu dou um banho de cuia
marcado, eu driblo e deixo minha marca
a turma é mermo boa, é mermo da fuzarca

vou assim, vou acima e pra cima
voo rasante ataca e intima
e legitima o esforço
pois tudo é canela abaixo do pescoço

não sou cabotino, eu sou mesmo craque
chegoc’a botina, roubo a bola e vou pro ataque
Nilton Santos era enciclopédia? acompanhado eu sou biblioteca
mais um fascículo do ludopédio, levanto a cabeça e passo a bola pro Zeca  

pra tá ligeiro é necessário talento

bola lá pro mato que é fim é de campeonato
futebol é vida, a torcida veio aqui pra ver o gol
você é Sport, eu sou MAC
você é craque, eu também sou

de pé em pé, a cada palmo, dá tempo
a bola sai da cal, vai na palma do goleiro
maior anti-herói, a história não inventou
pés, palma, pés, palma

graças há se Mateus quiser
felicidade é
o que Suassuna disser, apois é, faz assim
eutô na mesma linha, então, manda em mim

pelada, baba, racha,catimba, quatro linhas
a terra é redonda, pimba na gorduchinha
ô, corneteiro, eu tô ligeiro, mas mesmo assim tu desacreditou
Leão da Ilha, Bode Gregório e tu soltou o grito de “gooooooool”

A faixa PESPALMA traz a participação especial de Zeca Baleiro e brinca em seu título com a sonoridade de pés e palma, e como a música é sobre futebol, tudo a ver! Os pés dos jogadores de linha e as palmas dos goleiros que defendem as metas. Mais adiante explicarei o porquê de fazer uma música sobre futebol. Antes quero explicar porque o título saiu como uma sigla e não como ‘pés palma’. A sigla PESPALMA vem das siglas de quatro Estados: PE (Pernambuco), SP (São Paulo), AL (Alagoas) e MA (Maranhão). Por quê? Porque eu sou filho de pernambucanos e fui criado em PE, Zeca Baleiro fez o nome dele em SP, porém eu nasci em AL e ele no MA. Daí o título da faixa. Sobre o tema, decidi falar sobre futebol porque sou um apaixonado pela modalidade, porque carrego comigo a frustração de não ter exercido o futebol profissionalmente e pelo fato de ler uma crônica do Zeca em que ele falava sobre futebol e música e demonstrava sentir falta de mais canções que versassem sobre o tema. Então convidei-o para engrossar o caldo dessas canções na música brasileira que falam sobre o ludopédio. Agora tá explicado aquilo que mencionei na resenha de PQTRLV, eu torço pelo Sport por ter sido criado da mais tenra idade até o início da fase adulta em Pernambuco, e Zeca fez questão de colocar na parte dele nesta faixa a seguinte definição: “você é Sport, eu sou MAC (Maranhão Atlético Clube, o time pelo qual ele torce – ele torce pelo Santos também, mas isso vocês perguntem ao próprio), você é craque e eu também sou”. É isso. E eu achei por bem colocar esta faixa logo após Fuzarca de nowhere porque o principal canto da torcida do Sport diz: “a turma é mesmo boa, é mesmo da fuzarca”, então depois daquela reflexão da faixa anterior de que a fuzarca não leva a lugar nenhum (nowhere), o indivíduo volta a se render à fuzarca por meios futebolísticos. A fuzarca futebolística é um alento quando não usada como opiáceo. 
Conheci Zeca Baleiro através de Fernando Nunes (baixista dele, que também já tocou com Cássia Eller). Eu havia conhecido Fernando em Maceió, num workshop que ele fez sobre produção/gravação em estúdio, eu fui um dos artistas selecionados para servir de “cobaia” em suas mãos. Produzimos uma versão rap do hino de Alagoas. Depois disso, ele apresentou meu trabalho ao Baleiro e, quando Zeca foi a Maceió se apresentar num show, apresentou-me pessoalmente. Já me rendeu uma participação no show do Zeca Baleiro nesse dia. Foi massa! Nunca tinha lidado até então com algo tão grande, participar do show de uma referência é responsa!

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