quinta-feira, 26 de novembro de 2009

CRIATIVIDADE LINGUÍSTICA


Impressionante a criatividade linguística popular! Observem o nome desse bar. Sensacional! Ô, cumpadi... Tá chovendo lá fora, enquanto eu espero passar, pinga uma pra mim aí! (rsrs)
Por esse aí eu não tive o privilégio de passar, mas fica aqui, como bom boêmio que sou, o registro de alguns outros bares com nomes criativos pelos quais já transitei: Querubim Bar, CalaBar, Barfômetro, Maria vai com as ostras, e outros mais que eu não estou lembrando agora, já tou ficando bebo...
Eu, particularmente, já pensei em vários nomes fantasia caso eu fosse proprietário de um estabelecimento nesse segmento, o que não ia prestar, diga-se de passagem. De passagem mesmo, prefiro frequentar a administrar. Os que mais gostei foram: ViLuDiBar (brincando com as primeiras sílabas do meu nome completo: Vitor Lucas Dias Barbosa) e, meu preferido, Cá Bar é. Imaginem como seria! (rsrs)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

ÀS MENINAS (à corajosa)

(Auto-retrato - Tarsila do Amaral)

XX, combinação frágil poderosa
Na conquista por direitos iguais
Apetece-me a conservação das diferenças
O jeito meigo e singelo de ser menina

Às meninas da minha vida
Que fazem parte e que já fizeram
Dedico palavras masculinas
Amor, respeito, encanto

À que gera e cria
À que ama e cuida
À que gerou e criou a que me ama e me cuida
À que nunca sentiu algo assim
À que se tornou poeta por minha causa
À que se tornou minha amiga
À que me teve como primeiro namorado
À que me teve como caso qualquer
À que investiu em mim
Às que me ensinaram
Às que têm o jeito menina no ser de mulher
Àquela que me ama e está comigo
À que está por vir

Há que se registrar
Todo meu amor, respeito e encanto
Por esses seres humanos
Que me fazem mais humano
Pois a humanidade reside nelas

Em preto e branco
Vi sua face
Vi a coragem
Estou te esperando

Seja bem-vinda
Minha filha
A corajosa, Tarsila

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

INSATISFAÇÃO GERA REBELDIA


A história nos ensina naturalmente que em condições de insatisfação há uma tendência natural ao surgimento da rebeldia. Vários episódios estão nos anais da História nesse sentido. Revolta disso, revolução daquilo. Não há algemas nem chicotes que possam conter a rebeldia que aparece como resposta natural às atrocidades cometidas por quem está no poder.
Bom, aqui estamos diante de mais uma data comemorativa (ou seria comercial?) que celebra o dia da consciência negra, que celebra a morte. 20 de novembro de 1695, é abatido o líder do quilombo de maior resistência anti-escravista do Brasil, Zumbi do quilombo dos Palmares. Pois é, uma data em que através da morte de um líder negro, por circunstâncias convenientes aos herdeiros dos próprios assassinos de Zumbi, há um incentivo ao despertar da consciência dos negros. Como assim? Comemorar a morte de um líder como forma de despertar uma consciência. Consciência de quê? Ah, o foco de resistência foi derrubado, mas nos trouxe direitos iguais. Desde quando somos diferentes para termos que lutar pelos mesmos direitos? E esses direitos, quais são? Cotas universitárias? Porcentagem de vagas em empregos? Propaganda de grandes empresas parabenizando o dia?
Esmola. Migalhas jogadas ao povo como forma de controlar eventuais surgimentos de mais focos de resistência. Devemos lembrar de Zumbi, claro, de sua importância no combate à escravidão. Mas temos que perceber que a verdadeira comemoração está no nascimento da resistência, não em sua morte. O povo que deu a maior parcela de contribuição na construção deste país continua sendo tratado como diferente. Termino me convencendo de que é mesmo. É mais bonito, mais resistente, é mais quente! Não se deixe iludir por paliativos promovidos por sobrenomes europeus, eles querem o controle, querem propor falsas satisfações para que não aflore nossa rebeldia.
É, camará, a casa grande caiu. A senzala foi à forra. Levantaram palácios cercados por muros. Construímos favelas cercadas por morros e grotas. Contrataram segurança. Fizemos a nossa própria. Dispensaram os miúdos no lixo. Fizemos a feijoada que mancha a gravata que será lavada pela negra que iniciou sexualmente o patrãozinho que espancou o mendigo que faz parte do programa governamental. R$ 50,00 pra votar. Votar com consciência. Viva a consciência negra! Comemoremos hoje, pois amanhã é dia de trabalho, de batente, de tronco. Amanhã é dia de branco, viu?

terça-feira, 17 de novembro de 2009

"De vagabundo, poeta tem muito pouco"


Brincadeira, o poeta começa a ficar saturado deste mote. Ter que enfrentar salas abarrotadas de a lumnos em sua maioria, e essa grande fatia vai deixando os outros também sem lumnosidade alguma, ter que encarar textos onde se encontram tamanho despreparo e desinteresse dos autores. Pra quê? Pra garantir o salário, a carteira assinada. Isso sem cantar um versinho sequer.
Poetas transitam entre trabalhadores fordistas, mecanizados, mas fazem poesia paralelamente, por necessidade de expressão. Será coisa de quem é de gêmeos? De onde apareceu esse horóscopo? São os astros. Astros que forram a cama, lavam os pratos, resistem, acumulam, mas seguram a onda, lavam a garagem, lavam as cuecas, pagam as contas atrasadas e tentam compor de onde sairá o próximo dinheiro, se divertem também, sem glamour, mas glamourizam a medida do impossível à base de poesia.
É o mito do trabalho. Seguir regras, manter padrões e aparências, ser funcional, fazer o dinheiro maior para os outros. Carga horária a cumprir. Um salário. Muito obrigado. Obrigado a fazer, a seguir, a executar. Fazer o quê? Seguir a execução e paralelamente poetizar; é muita coisa ao mesmo tempo. O trabalho enaltece o homem (?). O que realmente enaltece, expressão, vai ficando pra trás e perdendo espaço pra repetição que atrofia e atropela a criatividade no trabalho de cada um. Nesse momento “tudo que clamo é saudade”. Eis a receita de um poeta de verdade.

Oh, vida pra dar trabalho! Viver não tem precisão, mas improvisação, ora adaptação, nunca a métrica rígida. Poucos podem poetizar o que almejam... Poesia, trabalho de realização expressiva do indivíduo, que pode trazer o sustento financeiro ou não.

domingo, 8 de novembro de 2009

Quanto vale uma Pessoa?


“Um amigo não se faz, se reconhece.”
(Vinícius de Moraes)


Se tudo tem um preço
Quanto vale uma Pessoa?
Ideologia não se vende
Caráter não se vende
Amizade não se vende
Independente de partido
A medida da amizade é sentimental
E sentimento não tem cifras
As cifras só nos trazem aspirações
E nos deixam inspirados...
Enriquecem nossos discursos
E afloram nossas veracidades
Ouvidos para escutar os problemas
Sorrisos para compartilhar as conquistas
Homenagens aos mortos
Existem várias
Homenagem ao vivo
É o que proponho aqui neste singelo poema
Dedicado a um amigo
Eu disse amigo
Que em sua feição teleológica
Passeia por um mundo retórico-simples
Convidando-nos à atenção
E sempre nos brindando com conclusões charmosas
Ora prosaicas, ora inéditas
Mas sempre impressionantes
Algumas passíveis de discussão
Mas eis o sentido de uma verdadeira amizade:
O espaço para o diálogo
Ah, esta Pessoa...
Faço questão de tê-lo
Apresento-me proselitista de uma grande amizade
Defendo, tomo pra mim
E sei que esta Pessoa faz o mesmo
Amigo? Amigo sou eu!
Quem toma as dores assim em público?
Somente um grande amigo
Mesmo sendo contrariado
A certeza do que se quer está sempre presente
Que presente em minha vida
Profundo conhecedor da História e de várias histórias
Futebol? Quer saber?
É só acessá-lo
Mas não o leve a campo
Sua virilidade física não chega nem perto de seu conhecimento
É a verdade, posso falar
Sei que a verdade não o incomoda
Na verdade, ela é sua dupla de ataque!
Na intimidade de intimar
A promessa feita é cumprida
A amizade é comprida
Eis aqui o resultado de valor inestimável
Não tem preço a satisfação
Não tem preço esta Pessoa

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

LIGAÇÕES PERIGOSAS


Quem já imaginou a vida sem celular ou internet? Quem tem mais de 20 anos não precisa imaginar, porque passou por essa vida. Não sou contra tecnologia, não sou ranzinza, posso usá-la a meu favor. Uso. Mas é que sou um apreciador da tecnologia rudimentar. Da sofisticada simplicidade.
Lembro-me das cartas, das missivas, do toque no papel, do cheiro no papel, do desenho das letras como um espelho do remetente. E a satisfação do destinatário com a percepção da realidade. Há também toda a espera, expectativa da chegada...
Agora, não há mais escapatória. Não há mais espera. Há cobrança, incômodo, aborrecimento, num tempo que já não era sem tempo. Tudo agora, ao mesmo tempo.
Você num lugar, mas já te viram em outro. Viu que não viu, será que viu? Associou, mas não saciou a curiosidade. Anexou e enviou. Adicionou e ingressou num chat chato. Virtual realidade distorcida.
Você recebeu uma mensagem. Kd vc? Ksa. Qdo? Hj. Hahuha. Ligações perigosas. B Identifica Número de A.
- Que barulho é esse, hein?