sexta-feira, 15 de julho de 2011

BICICLOS

Era uma vez
Um garoto chamado Pingo
Que um dia conquistou sua primeira magrela
Batizou-a de Safari
Com ela aprendeu a andar
E a amá-la
Achou que seriam inseparáveis
Até o dia em que ela travou
Safari não queria mais pedalar com ele
Desfez-se dele
Outro garoto a adquiriu
E com o novo garoto ela voltou a andar

Pingo ficou muito triste
Não queria mais compromisso com outra
Pedalou algumas outras magrelas
Sem compromisso, despretensiosamente
Mas o apego não se escolhe
Escolhe-nos, nos pega
E mais uma vez Pingo se apega
Uma nova magrela, uma linda História
Batizou-a de Monark
Várias pedaladas
Intensa na segurança
Insegura na intensidade
Mas nada que quebrasse o andamento
Até o dia que a tração começa a ficar pesada
Difícil de pedalar

Aparece uma magrela mais antiga
Mas disposta a deixar Pingo ir aonde ele queria
Para o alto
A tração desta magrela mais antiga
Apesar de mais antiga era mais leve
Talvez por isso, pela experiência
A montada foi perfeita
O encaixe, sensacional
E a pedalada na subida, fácil
Pingo decidiu ficar com ela
Batizou-a de Caloi
Mas assim mesmo não queria deixar Monark
E por um tempo conseguiu
Pedalava as duas
Até o dia em que uma delas travou
Monark não queria mais pedalar com ele
Queria-o só pra ela
Desfez-se dele

Pingo continuou pedalando
Agora apenas Caloi
Foi bem alto com ela
Mas ao chegar ao topo
Viu lá de cima
Monark lá embaixo
E o fruto da História pedalada por eles
Sentiu saudade e remorso
Pensou em novamente pedalar as duas
Mas as duas não podem ocupar o mesmo espaço
Física

Pingo pensou até em abandonar o ciclismo
Talvez adquirir um motociclo
Ele não tem mais o mesmo pique
Para conduzir tal situação
Pingo está cansado
E entende a impossibilidade física
Não quer mais se desgastar
Mas ele sabe que a vida é pedalar
A gente nunca esquece...

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