quinta-feira, 8 de outubro de 2009

BOM, NA PARTE...

Recentemente, um conhecido, Napoleão, me parou num barzinho para batermos um papo. Sua conversa foi sobre o meu trabalho musical. Diferente de outros elementos, que já citei por aqui, ele me abordou para elogiar minha música e minha performance de palco. Seu trabalho é muito bom, disse Napoleão. Bom, na parte do elogio agradeço. Se quiser viver disso você tem que ir embora de Maceió, disse Napoleão. Bom, na parte trabalhista ele tem razão. Se sua intenção não é viver disso, é só tirar uma onda, chamar atenção dessa galera aqui e de umas menininhas, tudo bem, fique por aqui mesmo, mas se quiser viver disso saia daqui, disse Napoleão. Bom, na parte trabalhista enfatizada, realmente ele tem razão. Se quiser ganhar territórios, vá embora e invada outros lugares, disse Napoleão. Bom, na parte de conquistas territoriais quem pode contrariar Napoleão? Mais uma vez ele tem razão. Se a galera da sua banda não quiser ir com você, vá só, lá você monta outra banda, disse Napoleão. Bom, na parte de ir sozinho, na hora não contrariei, só ouvi, mas fica difícil conquistar o mundo sem um exército. Não tenha medo de passar fome, você vai se garantir, rapidinho você desenrola, disse Napoleão. Bom, na parte da fome, não tenho medo de passar fome, tenho medo de morrer de fome.
A questão aqui simplesmente se desenrola por dois veios, o de sonhar e vê tudo acontecendo na sua imaginação, e o de se projetar para fazer a imaginação realizar-se. Na minha cabeça, Napoleão, tudo que você me falou sobre invasões já está desenhado, como um plano de guerra mesmo, sabe? Todo projeto traçado. Mas as ferramentas para deflagrar tal plano é que me faltam. Sejamos realistas e pensemos numa maneira de atacar e sair vitorioso da batalha, pois ir para territórios já dominados e entrincheirados por outros soldados da música, e conquistar assim facilmente, é um tanto platônico, não acha? Principalmente quando se fala em vencer uma batalha tão grande como essa, sozinho e sem suprimentos. Aí o soldado não consegue nem pensar, quanto mais guerrear. Pescador de ilusões? Talvez seja, mas com certeza soldado da realidade. Afinal, tenho contas a pagar, satisfações a dar, e logo mais uma menina para criar. Se o meu exército quisesse ir para o front comigo, eu até me arriscaria, mas os soldados do meu exército não são só do meu, há outros exércitos mais rentáveis a eles, e como bons sobreviventes de guerra eles se agarram àquilo que os sustenta. Napoleão, como diz um velho soldado amigo nosso, se for para passar mal eu passo em frente ao mar, comendo um peixinho e um camarãozinho.
Faca de dois gumes, tiro pela culatra. É... fazer música é bom, na parte...

2 comentários:

  1. Eu ainda sou daqueles que acredita na possibilidade de conquistar outros tipos de território, sem necessariamente ser migrante, expatriado, mais um nordestino esfomoeado. Concordo plenamente com a parte do camarãozinho... será que isso faz de mim um conformado? Creio que não.

    Abraço.
    Se ligue, mudei o endereço do blog. Agora é www.tainancosta.blogspot.com

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  2. Gostei muito do texto, até pq também tenho uma pequena produção teatral em Belo Jardim e, às vezes, sofro esse tipo de aboradgem tb. Mas gosto de pensar em trabalhar com responsabilidade no meu espaço, no meu lugar e não dar chance para qualquer um jogar "guela abaixo" um monte de lixo cultural nos belojardinenses.

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