segunda-feira, 15 de junho de 2009

Paródias piradas par'ódio de muitos

Entraram sem bater na porta ou pedir licença.
Abriram a geladeira e gostaram muito do que viram.
Meteram logo a mão.
A mesma que de próprio punho encarregou-se logo de informar:

“A terra é mui graciosa,
Tão fértil eu nunca vi.
A gente vai passear,
No chão espeta um caniço,
No dia seguinte nasce
Bengala de castão de oiro.
Tem goiabas, melancias,
Banana que nem chuchu.
Quanto aos bichos, tem-nos muitos,
De plumagens mui vistosas.
Tem macaco até demais.
Diamantes tem à vontade,
Esmeralda é para os trouxas.
Reforçai, senhor, a arca,
Cruzados não faltarão,
Vossa perna encanareis,
Salvo o devido respeito.
Ficarei muito saudoso
Se for embora daqui.”
(MENDES, Murilo. Carta de Pero Vaz.)

B_rigamos.
R_esistimos.
C_edemos.
A_cordamos.
S_ofremos.
A_daptamos e adaptamo-nos.
Então cantemos o hino adaptado que esbraveja a nossa adaptação sofrida, acordada e cedida, depois de tanta briga e resistência:

“Num posto da Ipiranga, às margens plácidas,
De um Volvo heróico Brahma retumbante
Skol da liberdade em Rider fúlgido
Brilhou no Shell da pátria nesse instante
Se o Knorr dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço Ford
Em teu Seiko, ó liberdade
Desafio nosso peito à Microsoft
Ó Parmalat, Mastercard, Sharp, Sharp
Amil um sonho intenso, um rádio Philips
De amor e Lufthansa à terra desce
Intel formoso céu risonho Olympicus
A imagem do Bradesco resplandesce
Gillete pela própria natureza
És belo Escort impávido colosso
E o teu futuro espelha essa Grendene
Cerpa gelada! Entre outras mil és Suvinil,
Compaq amada
Do Philco deste Sollo és mãe Doril
Coca-Cola, Bombril!
A melhor parte do hino é a cerpa gelada. E essa:
Gillete pela própria natureza. Quer dizer que somos
todos bi? cortamos dos dois lados!?Rarará. Nóis sofre,
mais nóis goza!”
(José Simão, trecho extraído do texto Chegou o domingão! Hoje tem rebelião?, Folha de S. Paulo, 18/03/2001.)

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