terça-feira, 9 de junho de 2009

Kiko

Um grande artista da pintura alagoana, digo grande porque é um bom pintor, certa vez me abordou, tirando-me da mesa em que eu estava acompanhado de bons amigos (Fernando Nunes, Teco e Alan Bastos) para conversar sobre a minha música. Conversar não, esculachar minha música. Fiquei surpreso, não pelas críticas – aceito-as muito bem, mas pela forma de abordagem. Levantei de onde estava quando fui abordado, fui bastante educado e o tratei bem, ele veio logo dizendo que minha música não poderia ser rap, até aí tudo bem, já ouvi isso bastante, e que fique bem claro: rap ou não, é música primeiramente, rótulo é pra cerveja, eu sou uma garrafa cheia de um conteúdo inrotulável. O problema é que ele me julgou sem me conhecer, disse que eu não sou da periferia, disse que eu nunca comi rango azedo, portanto não posso fazer rap, porque rap é pra periferia, tudo isso de uma forma desagradável, pedi que se retirasse pois não gostaria de trocar ideia com quem queria somente me agredir e não trocar ideia. Ele ainda estendeu a mão pra mim para encerrar o monólogo, neguei o aperto de mão.
Bom, pode ficar com o rap pra você e pintar miséria com ele, pintor. Outra coisa, no dia que fui abordado foi em um bar que se situa numa área que não é periferia. O que você estava fazendo ali? Nesse mesmo bar, antes de ontem (30/04/2009 – véspera do dia dos trabalhadores), lá estava ele novamente, conversando sobre periferia, de novo, com um dos maiores playboys da cidade que na última eleição foi candidato à vice-prefeito e mora num edifício situado numa das áreas mais nobres de Maceió, vale ressaltar. Ele pode falar de periferia? Novamente, o grande pintor veio falar comigo estendendo a mão e pedindo desculpas pelo que tinha dito no outro dia. Perguntei a ele: você ainda quer que eu aperte sua mão? Novamente, neguei o cumprimento. Ele ainda insistiu que eu apertasse sua mão como um gesto de formalizar as desculpas. Novamente, neguei. Simplesmente, ele me mandou tomar no cu. Respondi: vá tomar no cu você. Além de não apertar minha mão, não dirija a palavra a mim, assim evitamos confrontos e terminamos acertados. E ele se calou. Continue assim. Você calado é um ótimo pintor. Mas falando... Kiko você é.

Um comentário:

  1. pesado, mas é isso... como costumo dizer e parafraseado aí... quem tem rótulo é cerveja... fazer oq? ;)

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