terça-feira, 17 de novembro de 2009

"De vagabundo, poeta tem muito pouco"


Brincadeira, o poeta começa a ficar saturado deste mote. Ter que enfrentar salas abarrotadas de a lumnos em sua maioria, e essa grande fatia vai deixando os outros também sem lumnosidade alguma, ter que encarar textos onde se encontram tamanho despreparo e desinteresse dos autores. Pra quê? Pra garantir o salário, a carteira assinada. Isso sem cantar um versinho sequer.
Poetas transitam entre trabalhadores fordistas, mecanizados, mas fazem poesia paralelamente, por necessidade de expressão. Será coisa de quem é de gêmeos? De onde apareceu esse horóscopo? São os astros. Astros que forram a cama, lavam os pratos, resistem, acumulam, mas seguram a onda, lavam a garagem, lavam as cuecas, pagam as contas atrasadas e tentam compor de onde sairá o próximo dinheiro, se divertem também, sem glamour, mas glamourizam a medida do impossível à base de poesia.
É o mito do trabalho. Seguir regras, manter padrões e aparências, ser funcional, fazer o dinheiro maior para os outros. Carga horária a cumprir. Um salário. Muito obrigado. Obrigado a fazer, a seguir, a executar. Fazer o quê? Seguir a execução e paralelamente poetizar; é muita coisa ao mesmo tempo. O trabalho enaltece o homem (?). O que realmente enaltece, expressão, vai ficando pra trás e perdendo espaço pra repetição que atrofia e atropela a criatividade no trabalho de cada um. Nesse momento “tudo que clamo é saudade”. Eis a receita de um poeta de verdade.

Oh, vida pra dar trabalho! Viver não tem precisão, mas improvisação, ora adaptação, nunca a métrica rígida. Poucos podem poetizar o que almejam... Poesia, trabalho de realização expressiva do indivíduo, que pode trazer o sustento financeiro ou não.

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