bola lá pro
mato que é fim é de campeonato
futebol é
vida, a torcida veio aqui pra ver o gol
você é Sport,
eu sou MAC
você é
craque, eu também sou
tudo isso é
verdade, nada disso é puia
se a jogada
for suja, eu dou um banho de cuia
marcado, eu
driblo e deixo minha marca
a turma é
mermo boa, é mermo da fuzarca
vou assim,
vou acima e pra cima
voo rasante
ataca e intima
e legitima o
esforço
pois tudo é
canela abaixo do pescoço
não sou cabotino,
eu sou mesmo craque
chegoc’a
botina, roubo a bola e vou pro ataque
Nilton Santos
era enciclopédia? acompanhado eu sou biblioteca
mais um
fascículo do ludopédio, levanto a cabeça e passo a bola pro Zeca
pra tá ligeiro é necessário talento
bola lá pro
mato que é fim é de campeonato
futebol é
vida, a torcida veio aqui pra ver o gol
você é
Sport, eu sou MAC
você é
craque, eu também sou
de pé em pé,
a cada palmo, dá tempo
a bola sai
da cal, vai na palma do goleiro
maior
anti-herói, a história não inventou
pés, palma,
pés, palma
graças há se
Mateus quiser
felicidade é
o que Suassuna
disser, apois é, faz assim
eutô na
mesma linha, então, manda em mim
pelada,
baba, racha,catimba, quatro linhas
a terra é
redonda, pimba na gorduchinha
ô,
corneteiro, eu tô ligeiro, mas mesmo assim tu desacreditou
Leão da
Ilha, Bode Gregório e tu soltou o grito de “gooooooool”
A faixa PESPALMA traz a participação especial de Zeca Baleiro
e brinca em seu título com a sonoridade de pés e palma, e como a música é sobre
futebol, tudo a ver! Os pés dos jogadores de linha e as palmas dos goleiros que
defendem as metas. Mais adiante explicarei o porquê de fazer uma música sobre
futebol. Antes quero explicar porque o título saiu como uma sigla e não como
‘pés palma’. A sigla PESPALMA vem das siglas de quatro Estados: PE
(Pernambuco), SP (São Paulo), AL (Alagoas) e MA (Maranhão). Por quê? Porque eu
sou filho de pernambucanos e fui criado em PE, Zeca Baleiro fez o nome dele em
SP, porém eu nasci em AL e ele no MA. Daí o título da faixa. Sobre o tema,
decidi falar sobre futebol porque sou um apaixonado pela modalidade, porque
carrego comigo a frustração de não ter exercido o futebol profissionalmente e
pelo fato de ler uma crônica do Zeca em que ele falava sobre futebol e música e
demonstrava sentir falta de mais canções que versassem sobre o tema. Então
convidei-o para engrossar o caldo dessas canções na música brasileira que falam
sobre o ludopédio. Agora tá explicado aquilo que mencionei na resenha de PQTRLV,
eu torço pelo Sport por ter sido criado da mais tenra idade até o início da
fase adulta em Pernambuco, e Zeca fez questão de colocar na parte dele nesta
faixa a seguinte definição: “você é Sport, eu sou MAC (Maranhão Atlético Clube,
o time pelo qual ele torce – ele torce pelo Santos também, mas isso vocês
perguntem ao próprio), você é craque e eu também sou”. É isso. E eu achei por
bem colocar esta faixa logo após Fuzarca de nowhere porque o principal canto da
torcida do Sport diz: “a turma é mesmo boa, é mesmo da fuzarca”, então depois
daquela reflexão da faixa anterior de que a fuzarca não leva a lugar nenhum
(nowhere), o indivíduo volta a se render à fuzarca por meios futebolísticos. A
fuzarca futebolística é um alento quando não usada como opiáceo.
Conheci Zeca Baleiro através de Fernando Nunes (baixista dele,
que também já tocou com Cássia Eller). Eu havia conhecido Fernando em Maceió,
num workshop que ele fez sobre produção/gravação em estúdio, eu fui um dos
artistas selecionados para servir de “cobaia” em suas mãos. Produzimos uma
versão rap do hino de Alagoas. Depois disso, ele apresentou meu trabalho ao
Baleiro e, quando Zeca foi a Maceió se apresentar num show, apresentou-me
pessoalmente. Já me rendeu uma participação no show do Zeca Baleiro nesse dia.
Foi massa! Nunca tinha lidado até então com algo tão grande, participar do show
de uma referência é responsa!
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