quem não quer extravasar, quem não
quer se divertir?!
então larga do meu pé, deixa de ser
cricri
porque hoje vão rolar as aventuras de Pi
sem zebra nem suco de laranja
entre hienas e tigres, a gente se
arranja
a noite é minha, sou eu quem esbanja
atração principal, não me venha com
canja
nem plágio, estágio é pra principiante
eu sou profissional, conheço fraude de
longe
prefiro antes o que faz sofrer com
prazer
a ter uma vida de monge
me conte sobre aquela sua postagem
de ontem, que clamava por liberdade
dono da verdade, disparou em seu blog
vem cá, você conhece Vladimir Herzog?
lute pelo seu direito de brincar
mas não brinque com o seu direito de lutar
todo mundo quer dançar, todo mundo quer curtir
porque hoje vão rolar as aventuras de Pi
não estaria a cantar se não fosse Zumbi
que decidiu lutar para me garantir
a vadiagem vai rolar num canto
banto-guarani
e só para constar o Haiti é aqui
e em todo lugar, fazendo a terra
tremer
vamo arrepiar, quem deve vai temer
a cobrança virá, virá que eu vi
não adianta chorar, ainda não morri
mas vou morrer de rir ao ver você se
borrar
quando concluir que eu não vou
colaborar
me espere aqui, vou ali, volto já
lutar pra festejar o meu direito de
lutar
porque com isso eu não brinco, levo à
vera
luto com afinco para poder brincar
2 e 2 podem ser 5, depende da matéria
prove sua tese e depois saia pra
comemorar
lute pelo seu direito de brincar
mas não brinque com o seu direito de lutar
todo mundo quer dançar, todo mundo quer curtir
porque hoje vão rolar as aventuras de Pi
As aventuras de Pi é uma faixa que já traz em seu título uma
referência cinematográfica e discute ao longo dela uma situação delicada, o
plágio. A princípio, a letra fala sobre o imbróglio causado pela obra As
aventuras de Pi, de Yann Martel, que teve uma belíssima adaptação para o
cinema, por ser um plágio de Max e os felinos, do escritor brasileiro Moacyr
Scliar. Então a primeira estrofe, basicamente, versa sobre isso, citando
metaforicamente os personagens d’As aventuras de Pi (“sem zebra nem suco de laranja,
entre hienas e tigres a gente se arranja”) e fazendo menção ao plágio (“eu sou
profissional, conheço fraude de longe”), além de citar o Moacyr indiretamente
(“prefiro antes o que faz sofrer com prazer”), pois tal nome é indígena –
citado em Iracema, obra de José de Alencar – e quer dizer ‘o que vem da dor’. O
refrão é bem simples, faz referência ao grupo Beastie Boys, grande influência
minha nos anos de 1990, eles têm uma música que se chama (You gotta) Fight for
your right (to party), que, numa tradução livre, diz que “você deve lutar por
seu direito de festejar”, e assim fiz menção no refrão desta faixa: “lute pelo
seu direito de brincar, mas não brinque com o seu direito de lutar”. Além do
próprio instrumental, que é uma homenagem ao hip hop dos anos de 1980/90, há
algumas outras referências/homenagens ao longo da letra, como Zumbi, Vladimir
Herzog, Gilberto Gil e Caetano Veloso (‘Haiti’ e ‘Um índio’, essa última também
cita José de Alencar, o que faz com que minha letra dialogue ainda mais com tal
referência) e “2 e 2 podem ser 5” referindo-se mais uma vez neste álbum à obra
1984, de George Orwell.
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