Mais uma de minhas reflexões (ou reflexos) linguísticas(os).
Estava pensando no sentido da palavra ‘importante’ ao refletir sobre algumas coisas que considero importantes. Reparei que tal palavra tem o mesmo radical da palavra ‘importar’ (trazer), e ao me deparar com essa questão - talvez etimológica, talvez coincidência -, cheguei à conclusão de que o importante é o que você importa para si, é o que você traz para dentro de si. O que importa você importa.
Nada de inédito em se tratando do ser humano, ser egocêntrico, que mesmo ao propor uma coletividade o faz pensando em se promover, ao amar alguém o faz pelo prazer de se sentir bem, ao praticar um ato altruísta o faz pensando em ser beatificado.
Não falo aqui que o egocentrismo é um defeito e deva ser tratado como vilania e com vilipêndio. Não. O defeito e a vilania estão depositados na inversão do egocentrismo à categoria de demagogia. Isso sim merece vilipêndio: a autopromoção da futilidade, que não prova nada a si mesmo, só prova (ostenta) aos outros, à sociedade. A meu ver, egocentrismo pode funcionar como auto-estima, quando se propõe coletividade e se insere no bolo, quando se ama e se deixa ser amado, quando se pratica o altruísmo e sorri com o sorriso do outro. Aí se deposita o sentido de importação, ao se importar com o outro você se importa consigo mesmo, importando para si a felicidade do outro e consequentemente transmitindo-a, pois o outro é você mesmo, é um espelho, e “Narciso acha feio o que não é espelho”.
Penso que se conhecer, relacionar-se consigo mesmo, respeitar a si próprio, são fatores primordiais para ser um ser equilibrado socialmente com o Eu inserido no coletivo demagógico-egocêntrico. Afinal, “eu me amo, não posso mais viver sem mim”. A balança humana favorável é o inverso da balança comercial favorável, o mais importante é importar mais do que exportar, o que se exporta e se expressa e se expõe devem ser reflexo da absorção. Isso é importante.
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